Jornada do seu véu - Noctilucis Hekate
Almas femininas derrubadas, que vagaram nas sombras e ascenderam da dor.
Ando na mesma estrada, com pedras afiadas cortando meus pés.
Ando no mesmo caminho, entre névoa, tempestade, e o próprio através.
Nesse caminho, muitas antes de mim andaram.
A rainha derrotada latiu pra lua, coroada em sombra.
A sacerdotisa que curava ardeu e o fogo guardou seu nome.
A serva fiel rugiu pro destino, e o poder se curvou.
Por entre sombras, comandamos e dançamos,
O veneno é sagrado, bebe!
Por entre as sombras, invocamos e cantamos
A noite me chama, eu entro no véu.
A cada passo que dou, carrego sua história.
Almas femininas caminhantes, que vagaram nas sombras e ascenderam na dor.
Ando neste mesmo caminho, entre estrelas e lava quente,
entre lama e rajadas frias — silente.
Nesse caminho, Ela, Senhora das Encruzilhadas, nos resgatou.
Ela, Portadora das Chaves, nos libertou.
Ela, Alma Cósmica, nos levou à imortalidade.
Por entre sombras, comandamos e dançamos,
O veneno é sagrado, bebe!
Por entre as sombras, invocamos e cantamos
A noite me chama, eu entro no véu.
Eu me junto a elas quando chamo sua luz num uníssono brado furioso.
Me reformo, os ossos se quebram pra se renovarem certos,
Os cortes se abrem pra libertarem veneno.
Me banho em sua luz como bálsamo de cura.
Ando nas trevas porque me fizeram delas,
mas também porque escolho.
Em vez de escrava, sou rainha.
Me liberto das amarras, mas não as esqueço.
Nesse caminho, a fumaça das ervas queima minhas narinas,
e o cheiro da terra me renova.
Almas femininas derrubadas, que vagaram nas sombras e ascenderam na dor.
Em vez de pedras, agora caminho em nuvens.
Entre a névoa e a tempestade,
eu sinto sua tocha e nasço novamente. Invoca.
Por entre sombras, comandamos e dançamos,
O veneno é sagrado, bebe!
Por entre as sombras, invocamos e cantamos
A noite me chama, eu entro no véu.

